Autora: M. K. Hume / Tradutora: Heloísa Mourão (Record)
Me apaixonei pelas lendas do Rei Arthur na adolescência, quando li As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley. Eu era adolescente e a magia que jorrava das páginas me conquistou.
A história do Império Britânico não toma grande parte do curriculum escolar brasileiro, muito menos suas lendas. Surpreendentemente as lendas chegam até nós de forma mais eficiente através de livros de ficção histórica e fantasia. O fascínio por aventuras de capa e espada é universal, e que jovem leitor não sonha com um tempo de grandes feitos realizados por personagens nobres, tudo é tão glamoroso e místico.
Eu ainda curto livros de fantasia, mas prefiro meus heróis com uma certa dose de realismo. M. K. Hume nos oferece uma perspicaz nova versão fictícia das lendas do Rei Arthur, inspirada por um entalhe numa pedra encontrada dentro de um túmulo no Mosteiro de Glastonbury, durante um período de conflitos civis da era medieval.
Artorex é filho adotivo de uma família tradicional romana que vive em uma vila rural nas ilhas britânicas no período logo após a partida das legiões. Tratado com desprezo, ele se torna um adolescente apático e de atitude distante, mas tudo muda quando três homens misteriosos chegam a Quinta Poppinidii. Estes poderosos estranhos exigem que Artorex estude, seja treinado em armas, cavalaria e boas maneiras. Sob os cuidados do velho soldado Targo, Artorex torna-se um jovem hábil e assume a administração da Vila. Os anos seguem, ele se apaixona e casa com Galia, filha de um proeminente comerciante romano, fim.
Ah não, Myrddion Merlinus, conselheiro de Uther Pendragon, o Alto Rei dos bretões, e dois príncipes, não apenas exigiram, mas pagaram pela educação do Artorex. Nós leitores sabemos quem ele é, e o que o aguarda no futuro, mas M. K. Hume criou uma miríade de ricos personagens que ajudam Artorex a transformar-se em Arthur. Não há truques de magia na jornada de Arthur, apenas trabalho duro e personagens inteligentes, mestres da manipulação e da política. Ela descreve rituais terríveis, mas apenas o medo e a superstição transformam-nos em truques mágicos no decorrer do tempo. A criação de M. K. Hume mantém-se longe do estilo fantasioso e nos oferece uma história crível, onde as manobras e maquinações de um grupo brilhante de personagens ajudam a moldar o futuro de uma nação.
O Filho do Dragão engloba os anos de formação de Arthur e sua chegada ao poder. A estória é enriquecida por um sólido grupo de personagens secundários que nos mostram como os poderosos e os humildes coexistiam. Os personagens femininos de M. K. Hume são fortes e tem participação ativa na trama sem desrespeitar as limitações históricas da Idade Média. Seu domínio da história medieval é extraordinário e adiciona realismo a obra. Sem dúvida vou ler mais dessa autora incrível.
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